quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Quando foi 68?


Os Jogos Olímpicos da Cidade do México


Por João Vitor Pascoal


A ebulição política e cultural que o mundo vivia em 1968 não deixou de envolver os Jogos Olímpicos da Cidade do México.   No país, há dez dias do início dos jogos, ocorreu o que ficou conhecido como  o “ Massacre de Tlateloco”. Tanques, metralhadoras e atiradores de elite cercaram a Praça das Três Culturas, em Tlatelolco, e abriram fogo contra a multidão, em sua maioria composta por estudantes, que discordavam da realização da Olímpíadas durante o momento conturbado vivido pelo México.  O resultado foi mais de 300 pessoas covardemente assassinadas, alguns falam em mais de mil mortos, centenas foram espancados e foi imposto o terror contra os que ousavam protestar em meio aos Jogos Olímpicos.




Mesmo assim, os Jogos Olímpicos aconteceram, e são lembrados pela que talvez é a imagem mais famosa da história das Olimpíadas. No pódio dos 200 metros rasos, os corredores norte-americanos Tommie Smith, vencedor da prova, e John Carlos, terceiro colocado, ergueram um dos braços com o punho fechado e a mão coberta por uma luva negra, posição da saudação “Black power”, do Partido Revolucionário Negro dos EUA, os Panteras Negras.





 Os Black Panthers eram uma organização política e social dos EUA, que lutava contra a discriminação com os negros. O movimento durou cerca de 10 anos e conseguiu chamar a atenção mundial, especialmente depois do evento de 1968.  Os dois corredores, tomaram para si a tarefa de expressar a luta anti-racista para os milhões que assistiam aos jogos mundo afora.  Enquanto Smith e Carlos baixaram suas cabeças e, ao invés de cantarem o hino de seu país, ergueram solenemente seus punhos ao ar, cobertos por luvas negras, demonstraram para o mundo que estavam ali representando algo muito maior que o seu país, estavam lutando por seus direitos.





A ousadia (qualificada como "uma violenta quebra do espírito olímpico...") foi punida com a expulsão dos dois dos Jogos e deportação imediata para os EUA, seu quase banimento do mundo esportivo e por um verdadeiro massacre promovido pela imprensa. 

Para a "infelicidade" dos conservadores e racistas, o “estrago” já havia sido feito. O gesto de Smith e Carlos ganhou a simpatia de explorados e oprimidos mundo afora. E por toda parte, jovens negros ergueram orgulhosamente seus punhos, desafiando o racismo em seus próprios países, internacionalizando ainda mais o movimento "Black Power”. O movimento obteve um grande número de adeptos sua e não só arrancou conquistas imediatas, como também, deixou marcas permanentes, seguindo vivo ainda hoje na mentalidade de milhões de negros e negras que lutam contra a discriminação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário