sábado, 14 de julho de 2012

Ciência precisa de tempo


Por Gabriel Varela Lopes
Estudante de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Pernambuco


"Nós somos cientistas. Nós não blogamos. Nós não tuitamos. Nós necessitamos do nosso tempo."



Assim começa o manifesto da Slow Science iniciado na Alemanha que prega liberdade no tempo de publicação de trabalhos científicos. O número de publicações e artigos em revistas científicas é referencial para definição de quantidade de recursos para áreas de Biológicas e Exatas, por exemplo, e ainda é considerado ponto importante na avaliação de pesquisadores nas áreas de Ciências Sociais e Humanas. "Antes a qualidade, do que a quantidade" é praticamente um lema para os cientistas que aderiram (não existe adesão formal) ao movimento Slow Science. Segundo eles, o tipo de avaliação que baseia-se no número de publicações estimula apenas pesquisas em curto prazo e propicia conclusões precipitadas. A saúde do profissional também é levada em conta e a Slow Science supostamente preveniria os pesquisadores de problemas como stress, por conta da pressão exercida em produção de publicação desenfreada.

Abaixo, a continuação do manifesto do movimento Slow Science:

"Não nos levem a mal – dizemos sim para a ciência acelerada do início do século 21. Dizemos sim ao constante fluxo de publicações em revista e medição de seu impacto; dizemos sim para blogs de ciência e atendimento das necessidades de mídia; dizemos sim à crescente especialização e diversificação em todas as disciplinas. Nós também dizemos sim para investigar a retroalimentação dos cuidados de saúde e a prosperidade futura. Todos nós estamos também neste jogo. 

No entanto, sustentamos que isto não pode ser tudo. Ciência precisa de tempo para pensar. Ciência precisa de tempo para ler, e tempo para falhar. A ciência nem sempre sabe o que pode estar certo apenas agora. Ciência se desenvolve de maneira vacilante, com movimentos bruscos e saltos imprevisíveis para a frente. Ao mesmo tempo, no entanto, arrasta-se por aproximação em escala muito lenta, para a qual deve haver tolerância de maneira que seu resultado seja justo.

Ciência lenta foi praticamente a única ciência concebível por centenas de anos; hoje, argumentamos, essa lentidão merece renascer e ter necessidade de proteção. A sociedade deve dar aos cientistas o tempo necessário, mas, mais importante, os cientistas devem adequar seu tempo.

Precisamos de tempo para pensar. Precisamos de tempo para digerir. Precisamos de tempo para entender bem uns aos outros, especialmente, para a promoção do diálogo perdido entre humanidades e ciências naturais. Nós não podemos dizer, continuamente, o que nossa ciência significa, o que será bom para ela, porque nós simplesmente ainda não sabemos. Ciência precisa de tempo."

Aqui você encontra o site oficial do movimento: http://slow-science.org/





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