Por Caroline Melo, Cláudia Ferreira, Igor de Queiroz,
Robson Gomes e Suzana Mateus.
Discentes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco
Debate: Crises, capitalismo,
cultura e subjetividade
Brant
conta que a “crise financeira é uma crise ética, de valores e princípios”, onde
os lucros são valorizados demais. A arte, que supostamente serviria para
interpretar o ser humano em sua individualidade, acaba por adquirir um fundo
consumista e, assim, reafirma o poder que as finanças têm de mover a sociedade.
O
cenário descrito por ele se torna mais obscuro quando é observado que há
produção de riquezas pelo Estado, mas ela não é bem distribuída. Piora quando
percebemos que o valor da cultura foi reconhecido, a indústria cultural foi
impulsionada e as riquezas que mencionei são, em parte, resultado da exploração
econômica da cultura.
E
no meio da crise estamos nós, como produtores (ou reprodutores) da cultura. No
Brasil, a cena é composta por uma negligência de suas indústrias nacionais e a
concessão de privilégios aos grandes conglomerados internacionais de mídia. Os
agentes de cultura popular passam a depender fortemente do Estado que, até
certo ponto, os protege da internacionalização, guardando como relíquia suas
produções simples e características do povo. A cultura é ponto de partida para
um projeto de nação, para o desenvolvimento social, as oportunidades da
economia. Ela pode ativar mecanismo de participação social, pôr o homem em
primeiro lugar e a capitalização a seu serviço. Um sujeito que está confortável
consigo consegue cooperar com todos os outros num conjunto, mas deve antes reconhecer
a própria identidade no meio deles, e a diferença entre seu grupo social e os
dos outros.
Quando
a economia coincide com a cultura, a especulação financeira torna-se cultural e
a cultura é norteada por intenções de produção de mercadorias. E a mídia pode
ter uma participação bastante expressiva na composição desse quadro, uma vez
que tem um papel no mercado (para alguns, é como se fosse sua principal função:
movimentar dinheiro). Atualmente a formação da subjetividade do sujeito passa
pela comunicação de massa, para perto dela e pede-lhe conselhos.
Autores
frankfurtianos apontam a tendência da construção de uma cultura homogeneizada
pelos meios de comunicação de massa, fazendo o particular e a diferença se
perderem no esquecimento. Aparecem o conformismo, a resignação política, a
passividade. Há outros estudiosos que não pensam da mesma maneira e afirmam que
o conhecimento de culturas diferentes não favorece a padronização, mas uma
maior consciência da cultura própria e a aceitação – ou mesmo a valorização –
das singularidades da nação à qual o homem pertence.
Segue abaixo o documentário dirigido por Leonardo Brant diretamente ligado a temática abordada acima:
Referências Bibliográficas
BRANT,
Leonardo. Dimensões culturais para a
crise financeira. In: A crise na cultura/ Affonso Reis... ET AL. – Recife:
Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. 114p. il. – (Coleção estudos
da Cultura. Série encontros, v.III)
CAMPOS,
Cristiana Caldas Guimarães de; SOUZA, Solange Jobim e. Mídia, cultura do consumo e constituição da subjetividade na infância.
In: Psicologia ciência e
profissão, 2003, 23 (1) 12-21.
MANCEBO, Deise. Globalização,
cultura e subjetividade: discussão
a partir dos meios de comunicação de massa. In:
Psicologia: Teoria e pesquisa, Set-Dez, 2002, vol.18, n.3. PP. 289-295.
SANCHES, Isabelle de Paiva; MAHFOUD, Miguel. Interação e construção: o sujeito e o
conhecimento no construtivismo de Piaget. In: Ciências & cognição, 2007;
vol 12: 165 – 177. <http://www.cienciasecognicao.org>.
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