domingo, 15 de julho de 2012

Dimensões culturais para a crise financeira (Parte II)

Por Caroline Melo, Cláudia Ferreira, Igor de Queiroz, 
Robson Gomes e Suzana Mateus.
Discentes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco

Debate: Crises, capitalismo, cultura e subjetividade
Brant conta que a “crise financeira é uma crise ética, de valores e princípios”, onde os lucros são valorizados demais. A arte, que supostamente serviria para interpretar o ser humano em sua individualidade, acaba por adquirir um fundo consumista e, assim, reafirma o poder que as finanças têm de mover a sociedade.
O cenário descrito por ele se torna mais obscuro quando é observado que há produção de riquezas pelo Estado, mas ela não é bem distribuída. Piora quando percebemos que o valor da cultura foi reconhecido, a indústria cultural foi impulsionada e as riquezas que mencionei são, em parte, resultado da exploração econômica da cultura.
E no meio da crise estamos nós, como produtores (ou reprodutores) da cultura. No Brasil, a cena é composta por uma negligência de suas indústrias nacionais e a concessão de privilégios aos grandes conglomerados internacionais de mídia. Os agentes de cultura popular passam a depender fortemente do Estado que, até certo ponto, os protege da internacionalização, guardando como relíquia suas produções simples e características do povo. A cultura é ponto de partida para um projeto de nação, para o desenvolvimento social, as oportunidades da economia. Ela pode ativar mecanismo de participação social, pôr o homem em primeiro lugar e a capitalização a seu serviço. Um sujeito que está confortável consigo consegue cooperar com todos os outros num conjunto, mas deve antes reconhecer a própria identidade no meio deles, e a diferença entre seu grupo social e os dos outros.
Quando a economia coincide com a cultura, a especulação financeira torna-se cultural e a cultura é norteada por intenções de produção de mercadorias. E a mídia pode ter uma participação bastante expressiva na composição desse quadro, uma vez que tem um papel no mercado (para alguns, é como se fosse sua principal função: movimentar dinheiro). Atualmente a formação da subjetividade do sujeito passa pela comunicação de massa, para perto dela e pede-lhe conselhos.
Autores frankfurtianos apontam a tendência da construção de uma cultura homogeneizada pelos meios de comunicação de massa, fazendo o particular e a diferença se perderem no esquecimento. Aparecem o conformismo, a resignação política, a passividade. Há outros estudiosos que não pensam da mesma maneira e afirmam que o conhecimento de culturas diferentes não favorece a padronização, mas uma maior consciência da cultura própria e a aceitação – ou mesmo a valorização – das singularidades da nação à qual o homem pertence.

Segue abaixo o documentário dirigido por Leonardo Brant diretamente ligado a temática abordada acima:



Referências Bibliográficas
BRANT, Leonardo. Dimensões culturais para a crise financeira. In: A crise na cultura/ Affonso Reis... ET AL. – Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. 114p. il. – (Coleção estudos da Cultura. Série encontros, v.III)
CAMPOS, Cristiana Caldas Guimarães de; SOUZA, Solange Jobim e. Mídia, cultura do consumo e constituição da subjetividade na infância. In: Psicologia ciência e profissão, 2003, 23 (1) 12-21.
MANCEBO, Deise. Globalização, cultura e subjetividade: discussão a partir dos meios de comunicação de massa. In:  Psicologia: Teoria e pesquisa, Set-Dez, 2002, vol.18, n.3. PP. 289-295.
SANCHES, Isabelle de Paiva; MAHFOUD, Miguel. Interação e construção: o sujeito e o conhecimento no construtivismo de Piaget. In: Ciências & cognição, 2007; vol 12: 165 – 177. <http://www.cienciasecognicao.org>.

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