segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A figura do nordestino no Movimento Armorial


                                                                       Por Gabriella Autran e Pethrus Tiburcio
                                                                      Graduandos em Comunicação Social/ Jornalismo - UFPE

Arte popular pautada na arte erudita, essa foi a principal intenção de Ariano Suassuna ao propor e instaurar o chamado Movimento Armorial. Artes plásticas, literatura e música meticulosamente unidas a fim de que se desse o real valor às belezas e aos encantos nordestinos. Os cordéis foram amplamente utilizados como fontes de “espírito brasileiro”. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, a frase imortalizada por Euclides da Cunha se faz presente nos ideários do Armorial, ao passo que o sertanejo é representado desta forma.

O Armorial constituiu um importante avanço no que diz respeito à representação do nordestino na arte. O sertanejo, antes apenas o sofredor passivo da seca, representado nos romances de 30, é visto como agente, o sertanejo é, antes de tudo, um fazedor de arte, seja através da literatura de cordel, seja através da sua música de viola, rabeca e pífano. Mais do que as raízes da cultura popular, o homem popular é ressaltado e visto nas suas mais variadas nuances.

Os mitos e tradições nordestinas são representados no Armorial sob um novo prisma. Tudo tem importância, desde o teatro de bonecos, “mamulengos”, até as encenações feitas ao ar livre com roupagens principescas feitas de farrapos. O universo nordestino é repaginado e ganha uma roupagem erudita.

No teatro, Ariano conseguiu perpetuar fortemente a imagem do nordestino e dos seus valores, muitas vezes provincianos, mas retratados de forma verdadeira. Personagens que retratam bem o ideário nordestino foram criados por Ariano, a exemplo de Chicó, João Grilo e Euricão, que, ao passo que visam à representação do homem nordestino, acabam atingindo a universalidade da natureza humana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário