domingo, 26 de agosto de 2012

Novos Cinemas de Rua do Recife


Por Amanda Melo, Carla Moreira, Daniel Medeiros, 
Ellen Reis, Renata Santos e Stamberg Júnior.

Segundo crítico Pedro Bucci, a crise dos cinemas de rua iniciou em meados dos anos 80. Além do surgimento dos shopping’s e multiplex, a produção cinematográfica aumenta, consideravelmente, em todo o mundo, contribuindo para a crise. “Fica difícil sustentar um cinema na rua desse modo, principalmente quando um multiplex coloca algum filme de arte entre os seus blockbusters e acaba atraindo parte do público da rua”, afirma Bucci. Hoje, percebemos que os cinemas de rua do Recife estão ganhando mais força e atraindo um público maior. Dentre as principais salas de cinema na cidade estão: o Cinema São Luiz; o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco; e o Cinema Apolo.

Cinema São Luiz


Inaugurado no dia 6 de setembro de 1952 e situado a margem do Rio Capibaribe, na cabeceira da ponte mais moderna da época, a ponte Duarte Coelho, o Cinema São Luiz se destacou dentre os cinemas de rua do Recife, prezando pela arte na sua concepção artística, com exibição em cine-teatro. 



O local onde se encontra hoje, foi, originalmente uma Igreja dos Ingleses, construído em 1838, numa das extremidades da Rua Formosa, atual Avenida Conde da Boa Vista. O edifício Duarte Coelho, que abriga o cinema, conta com 13 pavimentos, dos quais os 4 primeiros são ocupados pelo São Luiz e por uma série de estabelecimentos comerciais, sendo os demais andares destinados ao uso residencial. O cinema contava com poltronas de madeira, revestidas de estofado vermelho, chegando a comportar 1.340 assentos. O cinema representou na época a importante fase de inovações urbanas da cidade, sendo considerado o mais requintado cinema de rua do Recife.
Após 55 anos de funcionamento, em 2007, o cinema fechou suas portas. Nesse mesmo ano, as Faculdades Integradas Barros Melo (AESO) deram início a uma reforma cujo objetivo foi transformar o Cinema São Luiz num centro cultural. A reforma que duraria 1 ano, foi interrompida em março de 2008, quando a AESO informou a desistência do empreendimento. No mesmo ano, o prédio foi tombado pelo Governo do Estado que, por meio da Fundarpe, trouxe de volta o tradicional cinema de rua, revitalizado e sem vícios na mídia cinematográfica.

O novo São Luiz é prioritariamente um espaço de exibição da produção audiovisual nacional e pernambucana, a preços populares e sessões com horários sensíveis às demandas do grande público. A curadoria da casa prevê também abrangência na programação, que inclui filmes que marcaram a história, clássicos do cinema internacional e nacional e uma programação fixa voltada para o público infantil.


Vídeo sobre reinauguração do Cinema São Luiz




Cinema da Fundação Joaquim Nabuco

Durante os anos 80, o espaço dividia espaço entre o teatro (o prédio abrigou o curso de formação de atores, na época), a música e o cinema. A Sala José Carlos Cavalcanti Borges, no Derby, é a casa do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, ou apenas, o Cinema da Fundação, como é normalmente chamado. Mesmo sem ter uma programação diária de filmes, a sala sempre apresentou uma rica oferta durante os anos.

De 1989 a 1990, o Cinema da Fundação abrigou o Cineclube Jurando Vingar, liderado, entre outros, pelo hoje cineastra Marcelo Gomes (Cinema Aspirina e Urubus). Na JCCB também foram vistos centenas de vídeos e filmes regionais e nacionais e dezenas de mostras de cinema do mundo todo. Anizio Andrade era o diretor desse trabalho na época, tendo como superintendente, do então Instituto de Cultura, Silvana Meirelles, a mesma que hoje é responsável pela Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj. Foram eles que, já na segunda metade da década de 90, mesmo trabalhando com equipamentos deficitários de projeção de cinema 35mm, partiram para renovar o JCCB a partir de um projeto do Ministério da Cultura. Essa verba trouxe o que na época representava o mais moderno sistema de projeção e som para cinema do norte-nordeste via projetor americano de marca Stong e som Dolby SR, inéditos no Recife, até então.

Em 1998, Silvana Meirelles convida o crítico e cineasta Kleber Mendonça Filho para criar uma política de exibição formadora de público numa cidade cuja cultura é rica, mas pobre em espaços de cinema não comercial. O novo perfil da programação valorizaria a cinefilia num formato diário, levando para sala um tipo de cinema que, de outra maneira, não chegaria ao Recife. Deixar o Cinema da Fundação em sintonia com os cinemas de perfil semelhante ao redor do mundo, incentivando o prazer da descoberta do cinema eram outros ideais. Esse novo perfil de cinema estreou na noite de 23 de maio de 1998 (28 pagantes) com a exibição do filme Bent, de Sean Mathias.

Depois de um primeiro ano de pequenas conquistas, o novo espaço, que atraía aos poucos, não só um público, mas também parceiros diversos. A sala José Carlos Cavalcanti Borges assumia então a sua atual identidade: Cinema da Fundação. Ainda em dezembro de 1998 que aconteceu a primeira versão do que seria mais tarde a mostra Retrospectiva/ Expectativa, na época chamada apenas de Retrospectiva, apresentando apenas 14 filmes. Foi em 2011 que o cinema da fundação bateu o seu recorde de público, atraindo mais de 62 mil espectadores ao longo de uma intensa programação, que teve 10 mostras de filmes. 




Reportagem sobre o Cinema da Fundaj


Cine-Teatro Apolo


 

Inaugurado em 1842, o Cine-teatro Apolo é mais antigo teatro da cidade do Recife. Sua construção foi iniciada em 1839 pela Sociedade Harmônico Theatral.

Reaberto ao público desde novembro de 2002, o Cinema Apolo prioriza filmes de cinematografias diversas. De 2002 até agora, foram vistos mais de 100 filmes estrangeiros de 20 países e várias mostras temáticas, registrando um público superior a 30 mil pessoas. No Apolo de segunda a quarta tem 2 sessões de filmes,  por 2 reais. Lá tem um mural com as peças e apresentações, muitos folders e panfletos indicando outras atrações.

Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, exibido em 2004, foi o recordista atraindo um público de 2.114 espectadores. Uma Verdade Inconveniente, de Davis Guggenheim, teve um público total de mais de 2 mil pessoas durante as nove semanas que ficou em cartaz, em 2007, com uma média de 50 pessoas por dia (esse filme foi o recordista de público do Apolo para um documentário).

O cinema abriga também o Panorama Recife de Documentários, que exibe produções audiovisuais divididas em curtas, médias e longas em película e vídeo. Cópias de Lolita, Corações e Mentes, Música e Fantasia fazem parte do Projeto Cinema Falado. Além disso, o Apolo apresenta a Retomada do Cinema Pernambucano – 10 anos, em que participam filmes locais. As mostras especiais Cinema Francófono, Cinema Português, Mostra de Cinema Sueco, Novo Cinema Espanhol, Na Trilha dos Samurais e Mostra de Cinema de Israel, ocuparam e sedimentaram seu espaço.






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