Por Amanda Melo, Carla Moreira, Daniel Medeiros,
Ellen Reis, Renata Santos e Stamberg Júnior.
Segundo crítico Pedro Bucci, a crise dos cinemas de rua iniciou em meados
dos anos 80. Além do surgimento dos shopping’s e multiplex, a produção
cinematográfica aumenta, consideravelmente, em todo o mundo, contribuindo para
a crise. “Fica difícil sustentar um cinema na rua desse modo, principalmente
quando um multiplex coloca algum filme de arte entre os seus blockbusters e
acaba atraindo parte do público da rua”, afirma Bucci. Hoje, percebemos que os
cinemas de rua do Recife estão ganhando mais força e atraindo um público maior.
Dentre as principais salas de cinema na cidade estão: o Cinema São Luiz; o
Cinema da Fundação Joaquim Nabuco; e o Cinema Apolo.
Cinema São Luiz
Inaugurado no
dia 6 de setembro de 1952 e situado a margem do Rio Capibaribe, na cabeceira da
ponte mais moderna da época, a ponte Duarte Coelho, o Cinema São Luiz se
destacou dentre os cinemas de rua do Recife, prezando pela arte na sua
concepção artística, com exibição em cine-teatro.
O local onde se
encontra hoje, foi, originalmente uma Igreja dos Ingleses, construído em 1838,
numa das extremidades da Rua Formosa, atual Avenida Conde da Boa Vista. O edifício
Duarte Coelho, que abriga o cinema, conta com 13 pavimentos, dos quais os 4
primeiros são ocupados pelo São Luiz e por uma série de estabelecimentos
comerciais, sendo os demais andares destinados ao uso residencial. O cinema
contava com poltronas de madeira, revestidas de estofado vermelho, chegando a
comportar 1.340 assentos. O cinema representou na época a importante fase de
inovações urbanas da cidade, sendo considerado o mais requintado cinema de rua
do Recife.
Após 55 anos de
funcionamento, em 2007, o cinema fechou suas portas. Nesse mesmo ano, as
Faculdades Integradas Barros Melo (AESO) deram início a uma reforma cujo
objetivo foi transformar o Cinema São Luiz num centro cultural. A reforma que
duraria 1 ano, foi interrompida em março de 2008, quando a AESO informou a
desistência do empreendimento. No mesmo ano, o prédio foi tombado pelo Governo
do Estado que, por meio da Fundarpe, trouxe de volta o tradicional cinema de
rua, revitalizado e sem vícios na mídia cinematográfica.
O novo São Luiz
é prioritariamente um espaço de exibição da produção audiovisual nacional e
pernambucana, a preços populares e sessões com horários sensíveis às demandas
do grande público. A curadoria da casa prevê também abrangência na programação,
que inclui filmes que marcaram a história, clássicos do cinema internacional e
nacional e uma programação fixa voltada para o público infantil.
Vídeo sobre reinauguração do Cinema São
Luiz
Cinema da Fundação Joaquim Nabuco
Durante os anos 80, o espaço dividia espaço entre o teatro (o prédio
abrigou o curso de formação de atores, na época), a música e o cinema. A Sala
José Carlos Cavalcanti Borges, no Derby, é a casa do Cinema da Fundação Joaquim
Nabuco, ou apenas, o Cinema da Fundação, como é normalmente chamado. Mesmo sem
ter uma programação diária de filmes, a sala sempre apresentou uma rica oferta
durante os anos.
De 1989 a 1990,
o Cinema da Fundação abrigou o Cineclube Jurando Vingar, liderado, entre
outros, pelo hoje cineastra Marcelo Gomes (Cinema Aspirina e Urubus). Na JCCB
também foram vistos centenas de vídeos e filmes regionais e nacionais e dezenas
de mostras de cinema do mundo todo. Anizio Andrade era o diretor desse trabalho
na época, tendo como superintendente, do então Instituto de Cultura, Silvana
Meirelles, a mesma que hoje é responsável pela Diretoria de Memória, Educação,
Cultura e Arte da Fundaj. Foram eles que, já na segunda metade da década de 90,
mesmo trabalhando com equipamentos deficitários de projeção de cinema 35mm,
partiram para renovar o JCCB a partir de um projeto do Ministério da Cultura.
Essa verba trouxe o que na época representava o mais moderno sistema de
projeção e som para cinema do norte-nordeste via projetor americano de marca
Stong e som Dolby SR, inéditos no Recife, até então.
Em 1998, Silvana
Meirelles convida o crítico e cineasta Kleber Mendonça Filho para criar uma
política de exibição formadora de público numa cidade cuja cultura é rica, mas
pobre em espaços de cinema não comercial. O novo perfil da programação
valorizaria a cinefilia num formato diário, levando para sala um tipo de cinema
que, de outra maneira, não chegaria ao Recife. Deixar o Cinema da Fundação em
sintonia com os cinemas de perfil semelhante ao redor do mundo, incentivando o
prazer da descoberta do cinema eram outros ideais. Esse novo perfil de cinema
estreou na noite de 23 de maio de 1998 (28 pagantes) com a exibição do filme Bent, de Sean Mathias.
Depois de um primeiro ano de pequenas conquistas, o
novo espaço, que atraía aos poucos, não só um público, mas também parceiros diversos.
A sala José Carlos Cavalcanti Borges assumia então a sua atual identidade:
Cinema da Fundação. Ainda em dezembro de 1998 que aconteceu a primeira versão
do que seria mais tarde a mostra Retrospectiva/ Expectativa, na época chamada
apenas de Retrospectiva, apresentando apenas 14 filmes. Foi em 2011 que o
cinema da fundação bateu o seu recorde de público, atraindo mais de 62 mil
espectadores ao longo de uma intensa programação, que teve 10 mostras de
filmes.
Reportagem sobre o Cinema da Fundaj
Cine-Teatro Apolo
Inaugurado em 1842, o Cine-teatro Apolo é mais antigo teatro da cidade do
Recife. Sua construção foi iniciada em 1839 pela Sociedade Harmônico Theatral.
Reaberto ao
público desde novembro de 2002, o Cinema Apolo prioriza filmes de
cinematografias diversas. De 2002 até agora, foram vistos mais de 100 filmes
estrangeiros de 20 países e várias mostras temáticas, registrando um público
superior a 30 mil pessoas. No Apolo de segunda a quarta tem 2 sessões de
filmes, por 2 reais. Lá tem um mural com
as peças e apresentações, muitos folders e panfletos indicando outras atrações.
Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, exibido
em 2004, foi o recordista atraindo um público de 2.114 espectadores. Uma
Verdade Inconveniente, de Davis Guggenheim, teve um público total de mais
de 2 mil pessoas durante as nove semanas que ficou em cartaz, em 2007, com uma
média de 50 pessoas por dia (esse filme foi o recordista de público do Apolo
para um documentário).
O cinema abriga
também o Panorama Recife de Documentários, que exibe produções audiovisuais
divididas em curtas, médias e longas em película e vídeo. Cópias de Lolita,
Corações e Mentes, Música e Fantasia fazem parte do Projeto
Cinema Falado. Além disso, o Apolo apresenta a Retomada do Cinema Pernambucano
– 10 anos, em que participam filmes locais. As mostras especiais Cinema
Francófono, Cinema Português, Mostra de Cinema Sueco, Novo Cinema Espanhol, Na
Trilha dos Samurais e Mostra de Cinema de Israel, ocuparam e sedimentaram seu
espaço.
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