segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Morin na "prática": uma conversa com Michel Zaidan e Cristina Teixeira


Por: Daniel M. de Andrade Lima, Isabela Almeida, Marcela Lins, 
Marcela Pereira, Marina Didier, Moema França e Ursula Neumann

Em um dos trechos do livro A Cabeça bem-feita, Edgar Morin escreve que "conhecer o humano não é separá-lo do Universo, mas situá-lo nele". Com base na ideia de fragmentação dos saberes (a divisão dos conhecimentos em disciplinas de maneira que não se relacionem, por exemplo) e em como isso influencia o modelo educacional atual, conversamos com Michel Zaidan, professor do Departamento de História da UFPE, e com Cristina Teixeira, do Departamento de Comunicação Social da UFPE para saber o eles acham sobre a interdisciplinaridade e as ligações dos saberes de áreas diferentes.

ALUNOS DE JORNALISMO: Como você enxerga a importância das outras áreas de estudo?

MICHEL ZAIDAN: Para mim, que tenho formação filosófica, o conhecimento humano só se coloca da perspectiva do objeto (do ser), não do método (sujeito ou consciência cogniscente). Neste sentido, a minha perspectiva cognoscitiva é ontológica, não metodológica. Dessa forma, a inter-relação, a interdisciplinaridade, a compressão holística, do ponto de vista da totalidade é fundamental. A separação das ciências e disciplinas é uma criação positivista. A separação estanque das ciências é responsável pela fragmentação do conhecimento humano e a perda de vista da totalidade. Isso tem implicações éticas, políticas e cognitivas. Precisamos voltar a pensar ontologicamente.


ALUNOS DE JORNALISMO: O que você acha da interdisciplinaridade?


MICHEL ZAIDAN: Como mero recurso metodológico é insuficiente. Precisamos avançar para uma compreensão holística da realidade. Onde as coisas se inter-relacionam necessariamente. Na verdade, é um novo paradigma, chamado paradigma ecológico profundo, bem exposto no livro O ponto de mutação, de Kappra.

ALUNOS DE JORNALISMO:O que você acha da metodologia de ensino dentro das escolas?

MICHEL ZAIDAN: Muito positivista. Fragmentário. Estanque. Não leva à compreensão integrada da vida, da sociedade e da história. Forma apenas o chamado "cidadão disciplinar" de Foucault. Pagador de impostos e temente dos castigos da lei positiva. Todo o discurso da inter/multidisciplinaridade é só um discurso, sem prática, sem consequências epistemológicas. Faria bem a escola ler Edgar Morin e sua teoria da complexidade.


Entrevista com Cristina Teixeira:












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