domingo, 5 de agosto de 2012

Os e-books e o mal da informação fast-food na crise da informação impressa


Por: Arthur Gonçalves
Estudante do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Pernambuco.

No texto “A crise da informação impressa” que faz parte do livro “A cara da Mídia”, Fábio Assis Pinho e Marylu Ferreira de Souza discorrem sobre a crise que a se desenvolve na histórica comunicação impressa com o advento e o uso cada vez mais constantes da tecnologia na disseminação da informação.
No início do texto os autores fazem uma breve introdução do que é a Ciência da Informação, que “tem como objeto de estudo a informação registrada e socializada” (PINHO; SOUZA, 2010, p. 31). Registrada, pois a informação deve está em algum lugar, materializada, para que possa ser acessada, e socializada porque é a partir do momento que as pessoas se utilizam desse material que ele atinge seu objetivo.
Após essa fase, é apresentado um histórico da informação, desde as sociedades mais longínquas até a Revolução Industrial e os dias atuais, com a chamada Revolução da Informação. A informação registrada passa a existir a partir do momento em que o homem registra suas ações e emoções por meio da escrita. No entanto, mesmo que na Antiguidade já tenha havido uma maior sistematização na produção de informação, a ideia de leitor, como temos hoje, é atual. Os Assírios e Egípcios, por exemplo, só conheceram as bibliotecas religiosas. Os Gregos, por outro lado, conservavam em suas bibliotecas textos profanos, mas não se pode afirmar, com certeza, que eles podiam ser acessados por alguém que não fosse erudito.
Na idade Média a maior instância de poder da época, a Igreja Católica, entendeu que o domínio da informação significava um recurso de poder indispensável para quem quisesse se manter no topo. Sendo assim, os letrados e intelectuais quase todos faziam parte do círculo religioso e “as bibliotecas nos seus primeiros dias foram depósitos de livros, ou mesmo, o lugar onde se escondiam os livros” (PINHO; SOUZA, 2010, p. 32). Com o fim da Idade Média e a diminuição do poder da Igreja, o livro deixa de ser um elemento sagrado e secreto e passa, paulatinamente, a ser visto como um elemento social, assim como as bibliotecas, que se tornam públicas e hoje são lugares de inclusão social, digital e que permitem o acesso à informação. Com o culto à beleza proposto pelo Renascimento a encadernação sobre o conteúdo do livro foi exaltada. E depois, o Iluminismo trouxe uma maior disseminação do conhecimento, onde, logicamente, a informação teve um papel de destaque e a concepção de leitor atual foi se formando junto com os ideias que impulsionaram a Revolução Francesa.

A partir do momento em que o homem desenvolveu a escrita houve a necessidade de se armazenar o que era produzido. E é aí que nasce, hoje, um dos principais problemas da informação impressa. A invenção da prensa móvel de Gutenberg, que facilitou demais a produção e, consequentemente, a disseminação dos livros, e que foi considerada uma revolução na informação, hoje já é uma prática, mesmo com suas atualizações e modernizações tecnológicas, obsoleta. Com o desenvolvimento da tecnologia não se vê mais necessidade da reserva de espaços físicos enormes para se guardar livros e demais papéis contendo informações das mais diversas. É muito mais prático guardar a informação como um conjunto de bits (menor unidade de informação processada por um computador) e acessá-la por meio de um e-book. Detecta-se então o primeiro problema que leva à crise da informação impressa, espaço.

E-book é um termo que vem do inglês “eletronic book”, é basicamente um livro eletrônico, uma plataforma que permite o armazenamento e a visualização de livros digitais com o mesmo conteúdo dos impressos. Já era possível, um pouco antes, ler livros pelo computador, mas não existia uma plataforma eletrônica destinada e pensada para conter livros. Os e-books são fantásticos em seu propósito. Extremamente práticos, melhores para o meio-ambiente e o mais importantes, rápidos. Tanto a produção do livro é mais rápida que a dos impressos quanto o acesso ao livro, pode ser comprado em qualquer lugar, é baixado rapidamente e pago por transferência online com o número do cartão de crédito do comprador. Daí vem o segundo fator que leva à crise da informação impressa, o tempo.
Mas os e-books e tecnologias em geral também enfrentam desafios. Para se consolidar como uma prática usual na sociedade é necessário que haja uma mudança na concepção que a se tem tanto da fabricação quanto do acesso e do domínio da informação. Com as tecnologias atuais deixa de haver a dependência que se tinha das editoras, hoje quem quiser produzir informação pode fazer um texto ou mesmo escrever um livro e publicá-lo na rede. As noções de usuário e produtor da informação também sofrem mudanças. A informação tecnológica, ao contrário da impressa, possibilita uma troca de ideia muito mais democrática, como consequência, os usuários acabam por vezes tomando o lugar de produtores da informação e assim todos tem o direito de participar, efetivamente, da construção da informação.

A informação como um todo ainda tem que enfrentar mais um problema. É o mal da informação fast-food. Em uma sociedade cada vez mais dinâmica e com muita gente desinteressada por informação e conhecimento acessando a rede, a informação rápida, sem requinte, jogada, mal feita, do mesmo jeito das comidas de fast-food com gosto de plástico, ganham as vitrines. E não é isso nem que os livros oferecem nem o que os e-books se propõem a oferecer. Esse é mais um problema, pois com a informação fast-food às vistas, com cada vez mais fácil acesso pelas diversas redes sociais (que são muito mal utilizadas), a informação de verdade perde ainda mais espaço.
Se a informação impressa vai acaba e como os e-books farão para se consolidar como principal plataforma e driblar o mal das informações fast-food só o tempo dirá. Mas a discussão está aberta e aqueles que se propõe a usufruir e fazer conhecimento de verdade, devem se preocupar e buscar formas de, para os mais moderninhos, consolidar a nova ferramenta e para os mais “reacionários”, manter o clássico papel.

Referências Bibliográficas:
PINHO, Fábio Assis; SOUZA, Marylu Ferreira de. A Crise da Informação Impressa. In: BARROS E SILVA, Dacier et al. A Cara da Mídia. Recife: Massangana, 2010. cap 2, p. 31-42.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil. São Paulo: Ed. Atlas, 2008. P. 632.

GIARDELLI, Gil. O bom uso da rede. Disponível em: <http://albirio.com/2012/07/25/o-bom-uso-da-rede/>. Acesso em: 05 ago. 2012.

AMARAL, Fábio Eduardo. O que é e-Book?: Conceitos e definições, comparações com livros impressos. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/educacao/1519-o-que-e-e-book-.htm>. Acesso em: 05 de ago. 2012.

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