Por: Arthur Gonçalves
Estudante do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Pernambuco.
No
texto “A crise da informação impressa” que faz parte do livro “A cara da
Mídia”, Fábio Assis Pinho e Marylu Ferreira de Souza discorrem sobre a crise
que a se desenvolve na histórica comunicação impressa com o advento e o uso
cada vez mais constantes da tecnologia na disseminação da informação.
No
início do texto os autores fazem uma breve introdução do que é a Ciência da
Informação, que “tem como objeto de estudo a informação registrada e
socializada” (PINHO; SOUZA, 2010, p. 31). Registrada, pois a informação deve
está em algum lugar, materializada, para que possa ser acessada, e socializada
porque é a partir do momento que as pessoas se utilizam desse material que ele
atinge seu objetivo.
Após
essa fase, é apresentado um histórico da informação, desde as sociedades mais
longínquas até a Revolução Industrial e os dias atuais, com a chamada Revolução
da Informação. A informação registrada passa a existir a partir do momento em
que o homem registra suas ações e emoções por meio da escrita. No entanto,
mesmo que na Antiguidade já tenha havido uma maior sistematização na produção
de informação, a ideia de leitor, como temos hoje, é atual. Os Assírios e
Egípcios, por exemplo, só conheceram as bibliotecas religiosas. Os Gregos, por
outro lado, conservavam em suas bibliotecas textos profanos, mas não se pode
afirmar, com certeza, que eles podiam ser acessados por alguém que não fosse
erudito.
Na
idade Média a maior instância de poder da época, a Igreja Católica, entendeu
que o domínio da informação significava um recurso de poder indispensável para
quem quisesse se manter no topo. Sendo assim, os letrados e intelectuais quase
todos faziam parte do círculo religioso e “as bibliotecas nos seus primeiros
dias foram depósitos de livros, ou mesmo, o lugar onde se escondiam os livros”
(PINHO; SOUZA, 2010, p. 32). Com o fim da Idade Média e a diminuição do poder
da Igreja, o livro deixa de ser um elemento sagrado e secreto e passa,
paulatinamente, a ser visto como um elemento social, assim como as bibliotecas,
que se tornam públicas e hoje são lugares de inclusão social, digital e que
permitem o acesso à informação. Com o culto à beleza proposto pelo Renascimento
a encadernação sobre o conteúdo do livro foi exaltada. E depois, o Iluminismo
trouxe uma maior disseminação do conhecimento, onde, logicamente, a informação
teve um papel de destaque e a concepção de leitor atual foi se formando junto
com os ideias que impulsionaram a Revolução Francesa.
A
partir do momento em que o homem desenvolveu a escrita houve a necessidade de
se armazenar o que era produzido. E é aí que nasce, hoje, um dos principais
problemas da informação impressa. A invenção da prensa móvel de Gutenberg, que
facilitou demais a produção e, consequentemente, a disseminação dos livros, e
que foi considerada uma revolução na informação, hoje já é uma prática, mesmo
com suas atualizações e modernizações tecnológicas, obsoleta. Com o desenvolvimento
da tecnologia não se vê mais necessidade da reserva de espaços físicos enormes
para se guardar livros e demais papéis contendo informações das mais diversas.
É muito mais prático guardar a informação como um conjunto de bits (menor
unidade de informação processada por um computador) e acessá-la por meio de um e-book. Detecta-se então o primeiro problema que leva à crise
da informação impressa, espaço.
E-book
é um termo que vem do inglês “eletronic book”, é basicamente um livro
eletrônico, uma plataforma que permite o armazenamento e a visualização de
livros digitais com o mesmo conteúdo dos impressos. Já era possível, um pouco
antes, ler livros pelo computador, mas não existia uma plataforma eletrônica
destinada e pensada para conter livros. Os e-books são fantásticos em seu
propósito. Extremamente práticos, melhores para o meio-ambiente e o mais
importantes, rápidos. Tanto a produção do livro é mais rápida que a dos
impressos quanto o acesso ao livro, pode ser comprado em qualquer lugar, é
baixado rapidamente e pago por transferência online com o número do cartão de
crédito do comprador. Daí vem o segundo fator que leva à crise da informação
impressa, o tempo.
Mas
os e-books e tecnologias em geral também enfrentam desafios. Para se consolidar
como uma prática usual na sociedade é necessário que haja uma mudança na
concepção que a se tem tanto da fabricação quanto do acesso e do domínio
da informação. Com as tecnologias atuais deixa de haver a dependência que se
tinha das editoras, hoje quem quiser produzir informação pode fazer um texto ou
mesmo escrever um livro e publicá-lo na rede. As noções de usuário e produtor
da informação também sofrem mudanças. A informação tecnológica, ao contrário da
impressa, possibilita uma troca de ideia muito mais democrática, como
consequência, os usuários acabam por vezes tomando o lugar de produtores da
informação e assim todos tem o direito de participar, efetivamente, da
construção da informação.
A
informação como um todo ainda tem que enfrentar mais um problema. É o mal da
informação fast-food. Em uma sociedade cada vez mais dinâmica e com muita gente
desinteressada por informação e conhecimento acessando a rede, a informação
rápida, sem requinte, jogada, mal feita, do mesmo jeito das comidas de
fast-food com gosto de plástico, ganham as vitrines. E não é isso nem que os
livros oferecem nem o que os e-books se propõem a oferecer. Esse é mais um
problema, pois com a informação fast-food às vistas, com cada vez mais fácil
acesso pelas diversas redes sociais (que são muito mal utilizadas), a
informação de verdade perde ainda mais espaço.
Se
a informação impressa vai acaba e como os e-books farão para se consolidar como
principal plataforma e driblar o mal das informações fast-food só o tempo dirá.
Mas a discussão está aberta e aqueles que se propõe a usufruir e fazer
conhecimento de verdade, devem se preocupar e buscar formas de, para os mais
moderninhos, consolidar a nova ferramenta e para os mais “reacionários”, manter
o clássico papel.
Referências
Bibliográficas:
PINHO, Fábio Assis; SOUZA, Marylu Ferreira
de. A Crise da Informação Impressa. In: BARROS E SILVA, Dacier et al. A Cara da Mídia. Recife: Massangana,
2010. cap 2, p. 31-42.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio: história
geral e do Brasil. São Paulo: Ed. Atlas, 2008. P. 632.
GIARDELLI, Gil. O bom uso da rede. Disponível em: <http://albirio.com/2012/07/25/o-bom-uso-da-rede/>. Acesso em: 05 ago. 2012.
AMARAL, Fábio
Eduardo. O que é e-Book?: Conceitos e definições, comparações com livros
impressos. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/educacao/1519-o-que-e-e-book-.htm>. Acesso em: 05 de ago. 2012.
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